segunda-feira, fevereiro 14, 2005

“If you believe in love at first sight, you never stop looking.”

Anteontem fui ver o Closer.

(Andei este tempo todo a pensar no que vi… e mesmo assim não digeri bem…)

Desconhecia, de todo, o filme. Não fazia ideia da história, nem muito bem dos actores e a única coisa que tinha lido era um texto que me enviaram com algumas considerações pessoais acerca de relações (e não do filme nem da história em si).

Como sempre, entrámos descontraídos na sala. O filme começa. Surge a Natalie Portman, o rapaz baba-se. Surge o Jude Law, eu babo-me.
!Susto! Ela é atropelada! Mas está tudo bem, ela sorri, há espaço para uma piada ( Hello, Stranger…!). E mais um ou outro comentário cómico da nossa parte. Mas há algo que não se encaixa… A música que toca é demasiado… tocante… (I can`t take my eyes off of you…) para um início tão descontraído. Mas okay, há maus encaixes musicais nos filmes, nada de muito suspeito…
Continua… A história vai-se desenvolvendo… Começo a ficar com o peito apertado… Aos poucos e poucos, toda a sala se vai calando (…toda não… a fila de trás veio atrás de uma comédia romântica… daquelas de trazer por casa...)
As nossas piadas e comentários são trocados por suspiros e agitações na cadeira e mãos na boca em sinal de prostração e olhos abertos e brilhantes pelas lágrimas que estão a ser contidas… Os fragmentos vão-se entrelaçando e a história vai-se adensando… Torna-se incrivelmente real… Duramente real… E mais que real, torna-se familiar…
Olho fixamente para a expressão de quem está do lado direito… depois para a do lado esquerdo… e sinto que as duas pessoas ao meu lado sentem o mesmo que eu… É óbvio o nó na garganta e no coração… São notórias as rugas na testa... É óbvio o sentimento comum. Apesar de nenhum deles ter passado pela minha história, nem eu pelas histórias deles, as nossas histórias estão no ecrã… Não nos chamamos Dan nem Alice (?) nem Anna nem Larry… mas só mudam as formas e os nomes. Até porque as lágrimas que correm no ecrã surgem, como que por magia, a escorrer pelas nossas faces abaixo… (And so it is, just like you said it would be…)

É um filme assustadoramente real… E eu assustei-me… Muito. É duro e frio e cru, como a vida me parece ser. E complexo e profundo, como as relações me mostram ser. Não existe o bem versus mal, não existe o herói nem o vilão. Não há coitadinhos nem culpados. Há pessoas. Que são carinhosas e doces e amantes… e em simultâneo egoístas - Não posso viver sem ti. Eu sei que o melhor para ti é não é estares longe de mim! Egoísmo puro! Não deixamos os que amamos porque somos demasiado egoístas para tal. É a ténue linha entre amor, obsessão e paixão… E tantas outras coisas para as quais o meu vocabulário é tão, mas tão limitado…
A verdade é constantemente evocada na história, mas de uma forma demasiado honesta, chocante… E depois, tal como acontece off screen, não se sabe o que fazer com a verdade. Dan exige-a e acaba por fugir dela, Anna procura o “verdadeiro amor” (?), mas renega-o, Alice usa a verdade para iludir e Larry joga com aS verdadeS para conseguir o que quer. E revejo uma parte de todos eles em mim… Revejo o tumulto emocional… E é isso que assusta… Não é justo que um filme seja esgotante (até à última gota…) de tão real que é…

Chorei… Chorei muito… E só não chorei mais, porque tive vergonha… Parece que vivi tudo de novo… E não aguentava viver tudo de novo…

Saí de rastos de uma sala de cinema…




“- You women don't understand the territory... because you ARE the territory. (Larry)

- It's not a war.” (Alice)

7 comentários:

Z disse...

Relatos todos postam... E convites para ir ver o filme?? Não? :P

João Tiago disse...

Eu estive lá... e provavelmente voltarei a estar.
Sim... suspirei e senti apertos do coraçao... senti os olhos mais pesados do que o habitual e uma inquietude fora do normal.
São momentos intensos que fazem mil e uma experiências guardadas a sete chaves explodirem...
é tão banal... mas tão pessoal tão tão...
Sim faz doer... mas tb m senti revitalizado... provavelmente só porque depois da dor intensa vem o alivio... e como nos gostamos de nos sentir aliviados... por momentos sabe bem...

Anónimo disse...

É a primeira vez que escrevo o quer que seja aqui! Mas o post da biscoita tocou-me, talvez mais do que o filme e por isso quiz deixar isso aqui escrito. Senti muito do que escreveste e também achei o filme assustadoramente real, mas gostei, gostei tanto que ja o fui ver 4 vezes!!!
Já agora, quando tiverem um tempinho vão ver o "Garden State", também com a Natalie Portman. Eu gostei!!!

Bjs e abr
Pedro Castelo

Anónimo disse...

isso explica mta coisa...

Biscoita disse...

Menina Joaninha:

Olha que há muita gente que não acha piada ao filme. Aliás, um dos comentários que li foi "Fui ver o Closer. As pipocas não estavam más." lol
Achei o comentário engraçado.

Biscoita disse...

E eu? E eu? E eu, que não sou totó? Também adoras? ;p

João Tiago disse...

deves deves!!! o que tu queres sei eu!!!!